Um estudo do Ministério da Saúde mostrou que os Municípios que possuem Centros de Atenção Psicossocial (Caps) tiveram uma redução de 14% do número de suicídios. O assunto foi tema de debate na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados no dia 10 de outubro. A audiência pública discutiu ainda a prevenção ao suicídio com gestores de saúde, psiquiatras e representantes do Centro de Valorização da Vida (CVV).
A Confederação Nacional de Municípios (CNM) atenta as necessidades dos usuários e da importância de implementar ações preventivas nos Municípios, reconhece a saúde como um direito humano universal. Basicamente, as ações de combate ao suicido, que tratam da saúde mental do cidadão devem ser cada vez mais qualificadas localmente, no entanto, existem inúmeros Municípios de pequeno porte que não se enquadram nos critérios para implantação dos Caps e financeiramente não apresentam suficiência para manutenção da estratégia, neste caso podem desenvolver ações integradas na atenção básica.
A integração pode ocorrer com as equipes de saúde da família ou básica, com os Núcleos de apoio a saúde da família e com especialistas, mesmo não possuindo a estrutura especifica dos centros é possível implementar ações preventivas ao suicídio e atender a população com os serviços existentes.
A Confederação criou um material sobre as novas estratégias para orientar gestores de pequenos Municípios que não possuem Caps.
Audiência na Câmara
Na audiência, o representante do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) Eduardo Luiz da Silva destacou que só é possível resolver o problema com atendimento adequado à população. “Para enfrentar o suicídio como um problema de saúde pública, necessariamente, precisa repensar a saúde mental e a rede de serviços que está posta para tratar e dar atenção para essas pessoas”, defendeu.
Vice-coordenadora do CVV, Leila Herédia, relata que a cada 45 minutos, um brasileiro comete suicídio, a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Para ela, 90% dos casos poderiam ser evitados com atendimento adequado nas escolas e hospitais ou ainda “com uma boa conversa”.
A autora do requerimento para a realização da audiência pública, a deputada Raquel Muniz (PSD-MG), afirmou que é preciso discutir esse tema com a sociedade para que sejam desenvolvidas políticas públicas capazes de diminuir os índices de suicídio no país.
“Há uma preocupação enorme com a estatística apresentada aqui, o número de suicídios entre jovens, mas também com a população de idosos, mais suscetível à solidão e ao isolamento, portanto, há que se ter a promoção do lazer e a integração desses idosos também”, destacou.
A representante do Ministério da Saúde Cinthia Lociks de Araújo destacou que o suicídio no Brasil é mais frequente na região sul e a taxa é mais alta entre os idosos. “A população idosa é particularmente vulnerável. Nós temos uma taxa de 5,7 suicídios por 100 mil habitantes para a população brasileira como um todo, mas ela é de quase 9 por 100 mil na população com 70 anos ou mais”, alertou.
Cinthia destacou ainda que desde 2015, a cada ano, a campanha setembro amarelo chama a atenção da população para a prevenção ao suicídio. Para a técnica da saúde, é preciso combater o preconceito com informações para diminuir a subnotificação, que dificulta a promoção de ações efetivas.